terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Os conteúdos SBS e o ALVO...


Com este aviso o entusiasta e dinamizador/congregador dos "screenshots" das imagens-radar Miguel Silva (Kispo), suspendeu ontem as imagens habituais das três "estações" portuguesas que as geravam (em que o SBS-Madeira também já marcou presença)...

Avisa assim o Miguel:
«We regret to inform that from today at 18:00Z Mode-S/ADS-B pictures are suspended until established some sort of legal understanding about the legality of monitoring aeronautical communications and datalinks in Portugal.»

Independentemente de qualquer opinião ser legítima, sei que ao Miguel como a qualquer outro entusiasta, não agrada a suspensão da divulgação destes conteúdos, sobretudo sabendo a verdadeira e inócua motivação de a partilhar.
Sei que andam para aí alguns senhores armados em "puritanos" aeronáuticos (que salva a legitimidade de assim se considerarem e agirem), apenas estão interessados num certo "estatuto de inatingibilidade bacoca" em torno da sua actividade profissional. Não obstante melhor opinião ou jurisprudência, parece haver entre alguns profissionais que lidam e trabalham com estas temáticas, um certo incómodo (que só eles perceberão), sobre a divulgação destas tecnologias "caseiras" ao dispor da vontade, entusiasmo e bolso de qualquer um, suficientemente atordido por estas paixões aeronáuticas.
Desde que soube da livre comercialização destes "brinquedos" SBS-1 e Radar-Box várias questões foram-me desde logo suscitadas.
A primeira foi uma grande satisfação, pois para um entusiasta destas matérias, é sempre bom saber das possibilidades tecnológicas da monitorização destes conteúdos. A outra foi a perplexidade da livre disponibilização de uma ferramenta acessível, geradora de informação potencialmente sensível a qualquer um.
Ambos os produtos estão à venda no mercado internacional, e a preços cada vez mais competitivos. Após ter adquirido e experenciado a sua utilização e potencialidades, pus-me a pensar o que faria um rebelde fundamentalista qualquer com esta ferramenta e um rocket...Quer no meio de um oceano, ou no meio de um deserto.
Pensei ainda na hipótese, de ter captado algum registo dos aviões, que alegadamente transportaram prisioneiros para Guantánamo e de revelar subversivamente essa informação aos media, à Comissão de Inquérito do Parlamento Europeu ou à Procuradoria Geral da República...
Há já algum tempo que suspendi a criação dos "screenshots" (ainda com um delay de 5 minutos), não apenas por razões de ordem logística, mas também por uma questão de reserva...
Creio que há hiatos e ambiguidades legais, na reprodução e divulgação dos conteúdos gerados. A montante talvez se devesse limitar a aquisição destes equipamentos a uma malha menos ampla e mais criteriosa.
No entanto com todas estas minhas reservas, comprei o equipamento SBS-1 no Reino Unido na Kinetic Avionic, (pretensamente um país a braços com a ameaça terrorista) e o seu rival directo (Radar-Box) proveniente de uma empresa norte-americana Airnav-Systems, curiosamente propriedade de um piloto português...
Alguém duvida da sensibilidade norte-americana de teor republicano para as questões de segurança do pós-11 de Setembro? Eu também não.
Para adensar mais o paradoxo destas questões, e para que não andemos numa espiral de palermices infundadas sobre segurança, relembro que na terra do Tio Sam, (que "apenas" foi alvo do maior atentado terrorista da história contemporânea com a utilização de aeronaves comerciais), existe uma panóplia de sítios na internet onde são divulgadas imagens-radar e "feeds"-audio das comunicações aeronáuticas, cobrindo vários dos maiores aeroportos da América do Norte.
Ainda que mantenham caminho aberto para a comercialização destas "caixas incómodas" (SBS-1 e Radar-Box), da Kinetic Avionics e Airnav Systems, pois que obriguem aos seus compradores assinarem um termo de responsabilidade, registarem-se perante as autoridades de segurança e submetam-nos a uma avaliação psicológica, por forma a que não divulguem e publicitem qualquer informação considerada "sensível" à segurança do Estado ou "inventem" casos de teor "classificado" e potencialmente embaraçadores.
Se quiserem cortar o mal pela raíz, por favor, confisquem todos os rádios-scanner, bloqueiem a sua livre comercialização ou então que a ANACOM sele tecnicamente a sua recepção da banda aérea e outras legalmente proibitivas (na sua divulgação a terceiros, após intercepção acidental) -tal como reza o regulamento da actividade de rádio-amador - e sobretudo, destruam estes sistemas receptores aéreos do Modo-S/ADSB....
O que já não é tolerável, é a suspeição amadora e infantil que pretensos profissionais lançam sobre estas "caixinhas" fazendo-os descer do seu pedestal divinizado...
Bom-senso, precisa-se.

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